Dieta mediterrânea equilibra microbiota intestinal e auxilia função cerebral

Estudo realizado em cinco países europeus mostrou que idosos que seguem uma dieta do tipo mediterrânea por um ano tiveram o microbioma intestinal equilibrado.

Baseada em muitas frutas, vegetais, nozes, grãos integrais, legumes, azeite, tomate, espinafre e peixe, e em pouca carne vermelha, açúcar e gorduras saturadas, o cardápio desta dieta está associado a vários marcadores positivos de menor fragilidade e de melhora da função cognitiva, além da diminuição de marcadores negativos ligados à inflamação. Segundo os cientistas da pesquisa, publicada no periódico BMJ Gut, a dieta mediterrânea pode ser a melhor aliada da longevidade – uma vez em que pode inibir a produção de inflamações relacionadas à perda da função cognitiva e a impedir o desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes, câncer e aterosclerose.

O estudo foi feito com a análise da microbiota intestinal de 612 indivíduos de 65 a 79 anos de idade, no Reino Unido, na França, na Holanda, na Itália e na Polônia. Enquanto 323 deles seguiram a dieta mediterrânea projetada para idosos por um ano, o resto seguiu o cardápio que estava acostumado.

O resultado mostra que a adesão foi associada a vários marcadores de menor fragilidade e melhora da função cognitiva e diminuição de marcadores inflamatórios, incluindo proteína C reativa e interleucina-17. A mudança de microbioma na dieta ainda foi associado a um aumento na produção de ácidos graxos e menor produção de ácidos biliares secundários, p-cresois, etanol e dióxido de carbono.

“O segundo cérebro”

Não é novidade que as criaturas minúsculas que vivem no intestino desempenham papéis bons e ruins no corpo, influenciando no sistema imunológico e no cérebro, por exemplo.

Mas, à medida que envelhecemos, a microbiota é menos diversa – muitas vezes por culpa da própria dieta do indivíduo. Cardápios mais pobres e menos variados são mais comuns entre idosos, especialmente entre os que moram sozinhos. Além disso, problemas de saúde e odontológicos podem dificultar ainda mais o equilíbrio da dieta.

Quando a diversidade das bactérias diminui, os processos inflamatórios aparecem, elevando o risco de câncer, distúrbios neurológicos e outras doenças. É aí que entra a dieta mediterrânea. As bactérias responsáveis por quebrar frutas e vegetais também alteram a expressão gênica nas células, protegendo o corpo de tumores.

Além disso, ela reduz os riscos de Alzheimer em até 40%, porque os alimentos presentes nesse plano alimentar contêm ômega 3, que atua no cérebro, melhorando a concentração, a memória, o aprendizado, a motivação, o humor e a velocidade de reação. Além de vitaminas, sais minerais e substâncias antioxidantes, que protegem as células sadias do organismo da ação oxidante dos radicais livres (moléculas responsáveis pelo envelhecimento).

Assim, mudar a dieta habitual para modular a microbiota intestinal é importante porque esta tem o potencial de promover um envelhecimento mais saudável.

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