O Leite é rico em lactalbumina, lacto alfaglobulina, BCAA e triptofano. Seu problema é a presença da beta caseína A1 (um dos dois tipos de beta caseína) que se desdobra em BCM7.

Nosso leite contém beta caseína A1, que no estômago sofre hidrólise em BCM-7 (beta casomorfina 7), um tipo de morfina, ou narcótico, que penetra na corrente sanguínea provocando doença autoimune quando há permeabilidade intestinal aumentada. Ou ainda DM tipo 1 em crianças, principalmente as que foram iniciadas ao leite de vaca logo que nascem e têm a permeabilidade aumentada – o colostro é uma molécula grande, o que permite a entrada da BCM7 na corrente sanguínea. Além do DM tipo 1, existem trabalhos mostrando a relação da BCM7 com autismo, esquizofrenia, IVAS de repetição, etc.

O leite original seria o leite A2A2. Existem vacas homozigotas para A2A2 que não formam a BCM7, não sendo, portanto, prejudiciais à saúde humana. Houve, porém, mutação na posição 67 do aminoácido da beta caseína (que possui 209 aminoácidos), e esta pequena troca de Prolina por Histidina na posição 67 forma a betacasomorfina7.

Para saber se o animal é produtor do leite A2A2 é necessário fazer um teste genético, enviando para um laboratório pelos retirados pelos da calda do animal – o que custa ao redor de 50 reais por animal. A maior probabilidade de positivo é para as zebuínas, oriundas da raça Bos indicus que não sofreram a mutação, ou ainda a raça Sindi.

Na Austrália e Nova Zelândia, por exemplo, o leite Beta caseína A2A2 já é uma realidade nos supermercados. O leite de búfala e cabra são A2A2 e apropriados para consumo, mas temos dificuldade de encontra-los para consumo. Leite de camelo, encontrado em supermercados da Europa, não contém lactoglobulina nem caseína A1. O problema é o preço: 50 vezes mais caro que o de vaca!

O leite A2A2 é comercializado aqui a 5 reais/litro direto com o produtor. Já o leite A1 é vendido para o laticínio entre 0,85 e 1 real o litro, o que se trata de um estímulo financeiro pra quem produz este leite, assim como para os consumidores que pensam em uma vida saudável.

Ainda são poucos os produtores que sabem dessa diferença, mas deve haver um mercado emergente no futuro.

Fonte: @dramarliseweis