Efeitos do aleitamento materno na microbiota intestinal da criança e risco de excesso de peso
Segundo a Organização mundial da saúde (OMS), atualmente 60% das crianças com menos de seis meses estão sendo parcialmente amamentadas por meio de substitutos do leite materno, geralmente sob a forma de fórmula infantil.
A presença vs. ausência de aleitamento materno pode impactar no período crítico de desenvolvimento inicial da criança e se associar com atopia, diabetes tipo 1 e obesidade infantil – e é possível que isso ocorra, em parte, por efeitos diferenciais na composição do microbioma intestinal.
Para compreender a relação entre a amamentação, a microbiota intestinal do bebê e o risco de sobrepeso durante a infância, um estudo foi realizado com 1.087 lactentes utilizando a coorte prospectiva canadense de Desenvolvimento Longitudinal Infantil (CHILD). Os métodos de alimentação foram relatados por mães e documentados a partir de registros hospitalares, e amostras de microbiota fecal em períodos de 3-4 meses e/ou 12 meses foram caracterizadas por sequenciamento genético 16SrRNA.
Aos 3 meses, verificou-se que os bebês alimentados exclusivamente com fórmula experimentaram maior risco de excesso de peso, maior riqueza e diversidade geral de microbiota intestinal além de enriquecimento da família das bactérias Lachnospiraceae.
Um subgrupo de bebês que foram brevemente suplementados com fórmula quando recém-nascidos, mas posteriormente foram amamentados com leite materno exclusivamente, apresentaram menor abundância relativa de Bifidobacteriaceae e maior abundância relativa de Enterobacteriaceae no período de 3-4 meses. Essa curta exposição à fórmula e a mudança na composição da microbiota não influenciou seu risco de sobrepeso aos 12 meses.
Por ocasião da introdução alimentar aos 6 meses, em lactentes amamentados com fórmula, verificou-se associação a um perfil semelhante ao de lactentes não amamentados (enriquecimento de Bacteroidaceae).
De seu lado, nos lactentes em que a introdução de alimentos complementares foi feita sem associação com fórmula verificou-se um perfil mais semelhante ao de aleitamento materno exclusivo com enriquecimento de Bifidobacteriaceae e Veillonellaceae.
Dessa maneira, os autores sugerem que a amamentação materna pode ser protetora contra o excesso de peso, e a microbiota intestinal pode contribuir para esse efeito.
Fonte:
WHO. Babies and mothers worldwide failed by lack of investment in breastfeeding.
Koletzko B, von Kries R, Closa R, et al. Can infant feeding choices modulate later obesity risk? Am J Clin Nutr. 2009;89(5):1502S-1508S.
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